A Nana adentrou meu apartamento - concluímos certa vez que era prudente deixar uma cópia das chaves com alguém para casos emergenciais. Ela vestia branco da cabeça aos pés. Sem olhar pra mim, abriu o armário do meu quarto e pegou um par de chinelos e o chapéu. Parou frente a prateleira de CDs e catou seus álbuns do Oasis, Fleetwood Mac e Cardigans. Jogou tudo dentro da bolsa de pano. Colocou o beta debaixo do braço, pendurou a chave no porta-chaves. Olhou pra mim e disse, você entendeu tudo errado de novo. O beta pulou do aquário e ficou se debatendo no assoalho. Enquanto tentava pegá-lo, ela se foi deixando a porta aberta.
Adoro interpretar meus sonhos, mas esse, curiosamente, não fiz a menor questão.
Só fui ao aniversário da Taís porque ela mora no andar de cima, se precisasse sair de casa, eu não daria conta. Minha irmã foi comigo e acabou dormindo lá em casa. Quando cheguei, todo mundo me olhou com cara de "a gente já tá sabendo". Marcelo e Taís almoçaram na academia e também viram os pombinhos lá. A noite foi light e a Taís ganhou um peixe beta de presente.
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Contei a verdade pro Dalton. Ele perguntou se eu estava melhor, mas não consegui responder. Caminhando pro estúdio pensei em dedicar o programa aos amores perdidos. Parei diante da porta e fiquei olhando a foto do menino. Entendi aquilo como um bom conselho.
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